O Natal no Hospital São Vicente, em Curitiba, será ainda mais especial neste ano. É que o Papai Noel marcará presença e levará a magia natalina para os pacientes e trabalhadores do estabelecimento numa ação que acontecerá no próximo dia 20 (uma sexta-feira), a partir das 9 horas da manhã, com distribuição de cartões feitos pelos próprios funcionários com mensagens de carinho e boas energias. E isso tudo acontece depois do Bom Velhinho em pessoa ter sido paciente do hospital ao longo do ano, onde passou por um transplante e ganhou uma vida nova.
Um dos mais antigos papais-noéis de Curitiba
Natural de Ibaiti, no norte do Paraná, Aristóteles Pires tem atualmente 71 anos de idade e mudou-se para Curitiba com apenas oito anos, em 1961. Dez anos depois, encarnou pela primeira vez o Bom Velhinho, para uma ação que ocorreu na Vila Sandra e fora realizada pela Igreja João Batista, com entrega de roupas, sapatos e outras doações. “Na época eu era um piá magro, seco, sem barba, sem nada. Usava uma roupa feita de saco de estopa”, recorda ele, que depois da primeira experiência nunca mais deixou o roupão vermelho e a barba branca de lado.
“O Papai Noel, na minha vida, existe desde 1971. Já são 53 anos, eu penso que sou o Papai Noel mais velho de Curitiba em atividade constante, ininterrupta. São 53 anos fazendo o Papai Noel todos os anos”, exalta.
Profissionalmente, participando de eventos, gravações e outras ações do tipo, já são 25 anos trabalhando como Papai Noel. Algo que ele encara, no entanto, muito mais como uma missão, um ofício ou uma vocação mesmo, do que um simples complemento de renda, um ganha-pão.
“Papai Noel não é uma… As vezes alguém chega para mim e pergunta ‘você já está com a fantasia’. Eu falo que não tenho fantasia. Fantasia é de Carnaval. Papai Noel tem roupa. Eu, na minha simplicidade, faço tudo [para ajudar]. Entro aqui neste condomínio e as crianças vêm correndo atrás de mim. Eu sem roupa, sem nada de Papai Noel, e elas vêm atrás de mim gritando ‘ô, Papai Noel!’ Aqui eu sou o Papai Noel de todo mundo, entende?”
De um problema no fígado até a ação natalina no hospital
No final do ano passado, entretanto, Aristoteles foi diagnosticado com trombose no fígado. Para piorar, acabou enfrentando uma rápida progressão da doença para cirrose e câncer, o que tornou necessária a realização de um transplante. Acontece que alguns anos antes, em 2003, o seu irmão, Alcelino, já havia tido um problema no fígado (cirrose hepática) e também necessitou do mesmo procedimento. O próprio Papai Noel curitibano é quem seria o doador do órgão. “Mas precisava duma liberação da Polícia Federal, porque ia ser um transplante intervivos. Daí a PF, quando autorizou o transplante, foi três dias depois do falecimento dele”, recorda ele.
Já para Aristoteles, foram três meses de muita ansiedade e angústia aguardando por um transplante, entre janeiro e abril deste ano. Até que o procedimento finalmente foi realizado no dia 13 de abril. E depois disso, ele conseguiu se recuperar graças ao atendimento recebido no hospital, que é referência em transplantes de fígado e rim no estado. Fazer a ação de Natal na instituição, então, é uma forma de retribuir o carinho e o atendimento recebido.
“Que tratamento show o que eu recebi dentro do Hospital São Vicente”, celebra ele, que desde 1º de junho não faz mais a barba, já pensando no período natalino. “Sempre tratei todo mundo com muita educação no hospital e fui criando uma amizade. Aí me senti na obrigação de retribuir e disse para eles que ia fazer o Natal do Hospital São Vicente, porque devo muito para eles. Meu desejo é proporcionar momentos de felicidade, de alegria, porque tem muita gente que vai estar trabalhando lá no hospital, o pessoal que estará internado… Em cima de tudo o que eu recebido do hospital, o atendimento, o tratamento, eu quero retribuir”, explica.